Memória | Território | Desenho por Pedro Marcelo Gonçalves de Barros

 


MEMÓRIA | TERRITÓRIO | DESENHO

POR PEDRO MARCELO GONÇALVES DE BARROS


Abstract

A presente dissertação nasce de uma inquietação que foi crescendo ao longo do percurso académico: a construção da paisagem em território madeirense. O trabalho procura convocar a memória, o território e o desenho enquanto três condições de problema que se intersectam constantemente e que se confrontam gerando inquietações. Procuramos construir uma postura pessoal, uma certa forma de olhar o território madeirense que se abriga sobre o título do trabalho em três momentos. O primeiro, foca-se na estratégia de confrontação com a memória, enquanto ferramenta para questionar o “regresso a casa”; o segundo reconhece o existente como material de projecto; o terceiro vê o arquitecto enquanto um estratega de processos, consciente da cidadania do exercício da arquitectura. Aventuramo-nos numa leitura do lugar de origem, feita de aproximações, de avanços e recuos que procura ler-comunicar este território, aquilo que o define, para em seguida, transformar parte dessas leituras, em princípios (d)e desenhoPrincípios que se encaram como montagens, como a armação de um guião em aberto, o qual deverá ser construído também pelo outro, por todos os outros que se convocam no momento de pensar este lugar.

O trabalho e o território são portanto um lugar-investigação que poderá ser lido, como um sistema aberto que procura o devir-lugar. É esse lugar, em que na procura de despertadores de projecto, se procura ler-pensar-comunicar estratégias para o entender e transformar. Pretendia-se, à partida, elaborar uma recolha fotográfica por forma a registar aspectos estruturais de todo o território da Madeira: o património edificado, construções eruditas, e gestos que denunciassem um tipo de habitar. É nossa intenção estudar aqui o modo como paisagem e obra podem exprimir um sentido de vivência, de cultura, de comunidade, na sua unidade funcional e formal.

Importa referir que o trabalho fala de paisagem e não exclusivamente de território. Por um lado, fala-se da forma como se sobrepõem no tempo os sinais resultantes dos gestos inerentes à vida das comunidades que habitam esse território. Por outro, refere-se a realidade material e objectiva da relação entre a arquitectura e a paisagem, e, também, a forma de a ler, de interpretar essa realidade material na construção de um universo que a represente, na construção de uma codificação dessa relação e das chaves de entendimento da mesma. Assim falar de paisagem e não exclusivamente de território significa falar de uma velocidade de funcionamento, de um processo, de transformações, de mecanismos de interactuação entre as comunidades que compartilham o mesmo território. Falar da relação entre a arquitectura e a paisagem significa, portanto, falar de uma realidade dinâmica; da dinâmica da transformação e da sua velocidade; da efemeridade de cada estado e de cada condição; da contínua vontade de imprimir no território as marcas correspondentes às acções do habitar. Assim falar da relação entre a arquitectura e a paisagem significa introduzir a variável tempo na nossa leitura. Nesta perspectiva, os registos apresentados neste trabalho querem constituir-se como representação do território no tempo presente, de modo a definir uma memória para o futuro e, simultaneamente, um imaginário pessoal que será eventualmente, apoio a trabalhos futuros.

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Repositório U.Porto